O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, afirmou nesta quinta-feira (13/11) que os Estados Unidos podem apresentar já nesta sexta (14/11) uma resposta à proposta brasileira para reduzir as tarifas de 50% impostas pelo governo Donald Trump a produtos nacionais.
Segundo o chanceler, o secretário de Estado, Marco Rubio, garantiu que o tema está sendo analisado e que Washington quer avançar sobre o tema “muito proximamente”.
“O Secretário de Estado disse que estão examinando com toda atenção e todo o tempo, que querem resolver rapidamente as questões bilaterais com o Brasil e que a resposta virá muito proximamente, amanhã ou na próxima semana”, declarou Vieira.
A fala ocorreu após um encontro entre os dois em Washington. Rubio inclusive publicou uma foto ao lado de Vieira e afirmou, nas redes sociais, que discutiram assuntos de “importância mútua” e um “quadro de reciprocidade” para a relação comercial.
Proposta entregue e expectativa de acordo inicial
Vieira confirmou que o Brasil apresentou aos Estados Unidos uma “proposta geral” sobre as tarifas, mas não detalhou o conteúdo. Ele explicou que temas específicos — como a taxação sobre o café — não foram tratados na reunião.
O chanceler afirma esperar que os países consigam fechar um acordo inicial até o começo de dezembro, que serviria como base para negociações mais amplas. De acordo com ele, a próxima etapa está nas mãos de Washington.
“Temos que esperar que eles reajam”, disse.
Pressões de Trump e impacto no Brasil
- As tarifas de 50% impostas por Trump entraram em vigor em 1º de agosto e se somam a sobretaxas já existentes sobre setores como aço e alumínio.
- Desde o início do mandato, o presidente norte-americano vem utilizando tarifas como instrumento de pressão comercial sobre países do Brics — incluindo o Brasil.
- Após defender Jair Bolsonaro em meio ao confronto com o STF, Trump ameaçou ampliar ainda mais as barreiras comerciais, afirmando que o Brasil não estaria “sendo bom” para os EUA.
- Ainda em abril, o país já havia sido alvo de um tarifaço inicial de 10%.
O Itamaraty e o Departamento de Estado trabalham para fechar primeiro um acordo provisório, que servirá como “mapa do caminho” para uma negociação definitiva. Vieira estima que esse processo posterior pode durar entre dois e três meses.
Segundo o chanceler, há sinais de que o governo americano deseja “virar a página” e solucionar as pendências com o Brasil. Em mensagem transmitida por Rubio, Trump teria dito que resolverá rapidamente o impasse e manter boa relação com o governo Lula.