No mais recente episódio da guerra do delivery, a Polícia Civil de São Paulo instaurou inquérito criminal para investigar ao menos oito pessoas suspeitas de espionar a Keeta, aplicativo de origem chinesa que começou a atuar no Brasil na semana passada.
Gravação interna de um dos estabelecimentos mostra três mulheres suspeitas que teriam se apresentado como funcionárias da empresa durante visita a um restaurante no dia 30 de outubro. Após conquistar a confiança dos atendentes, elas acessaram os sistemas do app e fotografaram as informações que constavam na tela.
De acordo com boletins de ocorrência obtidos pela Folha, os suspeitos, ainda não identificados, apresentaram crachás corporativos falsos. As autoridades investigam os crimes de falsa identidade, com pena prevista de três meses a um ano, e concorrência desleal.
No país, também disputam o mercado de entrega de comida Rappi, 99Food e iFood, que responde por mais de 80% do mercado. Keeta e 99Food estrearam no Brasil neste ano.
Procuradas, Rappi, 99Food e iFood não se pronunciaram até a publicação da reportagem.
Ex-funcionários do iFood foram alvo de busca e apreensão recentemente por supostamente compartilharem dados da empresa com a Keeta, segundo reportagem da Folha. O aplicativo chinês nega qualquer envolvimento.
Oito restaurantes receberam visitas similares entre os dias 30 e 31 de outubro e procuraram as autoridades já neste mês após orientação do app chinês.
Os estabelecimentos visitados pelos supostos espiões corporativos estão todos em Ponta da Praia, bairro nobre de Santos, próximo a atrações turísticas como o Aquário Municipal.
Em nota, a Keeta afirma que os suspeitos perguntaram por “informações estratégicas de negócios, incluindo dados sobre pedidos aceitos e despachados, informações financeiras, treinamento de restaurantes, cardápios e preferências de consumidores.”
Entre as questões, estavam dúvidas sobre valor e prazo de remuneração dos entregadores, quais eram os modelos de contrato firmados com os restaurantes e qual era a comissão cobrada pelo app recém-lançado.
A Keeta anuncia como diferenciais para seus colaboradores o pagamento dos serviços em até sete dias e o estabelecimento de uma taxa mínima de remuneração por entrega.
O comunicado do app chinês, que é o braço internacional da Meituan, o aplicativo de comida com mais usuários no mundo, diz que os suspeitos são “vindos de empresas concorrentes”. A empresa prometeu investimentos de R$ 5,6 bilhões no Brasil antes de começar as operações locais.
