Teatro Oficina: Figurinos e objetos ganham vida digital - 02/11/2025 - Ilustrada

Teatro Oficina: Figurinos e objetos ganham vida digital – 02/11/2025 – Ilustrada

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Um sobrado no tradicional bairro do Bixiga, em São Paulo, guarda um tesouro da cena cultural brasileira em processo de transformação digital. Enquanto preserva fisicamente mais de 3.000 figurinos —que incluem peças criadas por Lina Bo Bardi, Clóvis Bornay e Hélio Oiticica—, adereços e objetos de cena das últimas três décadas do Teatro Oficina, a Casa de Acervo Oficina avança na digitalização completa desse patrimônio, graças a um projeto contemplado por edital público.

O acervo físico, que inclui registros de espetáculos emblemáticos como “Hamlet” (1993), “Cacilda!” (1998), “Os Sertões: A Terra” (2002), “O Rei da Vela” (2017) e “Roda Viva” (2019), está sendo meticulosamente convertido em versão digital por uma plataforma desenvolvida pela Universidade de Brasília em parceria com o Instituto Brasileiro dos Museus. A ferramenta permitirá acesso gratuito a todo o patrimônio documental da companhia fundada por José Celso Martinez Corrêa.

A atriz Sylvia Prado, envolvida no processo, descreve sua função como ponta entre o físico e o digital: “Nessa nova produção de memória, com o armazenamento, catalogação e conservação dos 30 anos da Uzyna, eu atuo justamente como essa memória ativa, um ‘HD físico’ desses processos, peças e histórias”. Ela complementa: “E vou aprendendo muito com o que é novo, pois a catalogação, para mim, é um processo fascinante, uma organização chique que nos leva adiante”.

Enquanto o trabalho digital avança, a equipe mantém o compromisso com a preservação física. A Oficina de Conservação e Restauração de Têxteis, ministrada pela especialista Cláudia Nunes, tem formado profissionais para o cuidado material das peças. “Cláudia trouxe para nós não só técnicas, mas uma sabedoria de 40 anos de experiência em projetos de restauração no Brasil e fora do país. Ela já restaurou até mesmo um lenço de Dom Pedro 2º”, afirma o ator Victor Rosa, coordenador-geral do acervo.

Elisete Jeremias, diretora-geral da Casa de Acervo Oficina, enfatiza a dupla natureza do projeto: “O acervo é fundamental não só pela memória, mas porque também alimenta as novas produções. Às vezes, um figurino criado décadas atrás segue entrando em cena. É um patrimônio vivo em expansão constante. Agora, com a digitalização, esse patrimônio ganha dimensão ainda maior, tornando-se acessível para pesquisadores em qualquer lugar do mundo”.

O projeto, com duração de 12 meses e previsão de conclusão para março de 2026, mantém seus três eixos fundamentais: preservação e conservação do acervo têxtil, catalogação digital e adequação da infraestrutura física da casa. As melhorias na segurança patrimonial e prevenção contra incêndios garantem a proteção do material original enquanto avança sua transformação digital.

O Teatro Oficina, um emblemático prédio de São Paulo idealizado por Lina Bo Bardi, é tombado nas três esferas —municipal, estadual e federal— e seu acervo reflete um capítulo essencial da cultura brasileira. O projeto de preservação e digitalização do acervo deve durar 12 meses e tem previsão de conclusão para março de 2026.

A Casa mantém o perfil @casadeacervo.oficina no Instagram e prepara um canal no YouTube para veicular entrevistas e documentários, integrando memória oral ao acervo digital. O trabalho, iniciado em 1992 após um incêndio que atingiu o teatro, consolida-se agora como uma ponte entre a tradição preservada e a inovação digital, garantindo que a história do Oficina permaneça viva.



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