Os Estados Unidos prenderam, na quarta-feira (3/12), o brasileiro Carlos Portugal Gouvêa, de 43 anos, professor visitante da faculdade de direito de Harvard, após ele admitir ter atirado com uma arma de chumbinho próximo a uma sinagoga, em Boston.
O professor aceitou um acordo judicial, no qual se declarou culpado pelo uso de um “rifle de ar”, conhecido como arma de chumbinho. As outras acusações contra ele — de perturbação da paz, conduta desordeira e vandalismo — foram arquivadas.
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O Departamento de Segurança Interna dos EUA revogou o visto de Carlos (temporário, de não imigrante) e informou que o professor concordou em deixar os Estados Unidos voluntariamente, em vez de ser deportado. Ele foi preso pelo Serviço de Imigração e Alfândega dos Estados Unidos (ICE, na sigla em inglês).
O que aconteceu
- Em 2 de outubro, Carlos foi detido pela polícia norte-americana, e, posteriormente, foi liberado sob fiança.
- Ele disparou com uma arma de chumbinho próximo ao templo judaico Beth Zion, no dia anterior do Yom Kippur, data sagrada para os judeus.
- O brasileiro afirmou a autoridades locais que estava caçando ratos.
- Líderes do templo, Larry Kraus e Benjamin Maron, afirmaram à época que “não há indícios de que o ato tenha sido motivado por antissemitismo”.
O Departamento de Segurança Interna dos EUA considerou um “ato antissemita”, mesmo com a própria sinagoga do caso não vendo indícios disso. A secretária adjunta do departamento, Tricia McLaughlin, se manifestou, citando o caso como um episódio “descarado e violento de antissemitismo”.
“Não temos nenhuma obrigação de admitir estrangeiros que cometem esses atos inexplicavelmente repreensíveis ou de permitir que permaneçam aqui. A secretária Noem (Kristi Noem, de Segurança Interna) deixou claro que qualquer pessoa que pense que pode vir para a América e cometer violência e terrorismo anti-americanos e antissemitas deve repensar suas ideias. Vocês não são bem-vindos aqui”, afirmou.
Gouvêa é formado em direito pela Universidade de São Paulo (USP) e doutor pela Universidade de Harvard. Ele lidera um instituto brasileiro sobre justiça social e ambiental, e, pela USP, integrou diversas organizações de direitos humanos.
À época do ocorrido, a universidade paulista divulgou uma nota defendendo o professor das acusações de antissemitismo.
“Destaque-se que a sinagoga vizinha à sua casa (do professor), relacionada ao incidente de segurança, divulgou nota pública afastando, por completo, ter se tratado de ocorrência antissemita. Além disso, o professor tem afinidades, inclusive laços familiares, com a comunidade judaica”, destacou.
A nota, assinada pelo professor de direito da USP, Celso Fernandes Campilongo, acrescenta que Carlos Portugal Gouvêa “tem histórico de posicionamento em defesa dos direitos humanos”.