O Conselho de Segurança da ONU aprovou nesta segunda-feira (17/11) o plano de paz apresentado pelo governo de Donald Trump para a reconstrução de Gaza, abrindo um novo capítulo nas negociações após dois anos de guerra entre Israel e o Hamas. A resolução, considerada crucial para manter o frágil cessar-fogo em vigor, recebeu 13 votos a favor e duas abstenções — China e Rússia —, sem vetos.
O texto autoriza a entrada de uma força internacional de estabilização, responsável por garantir segurança, supervisionar fronteiras, coordenar ajuda humanitária e conduzir o processo de desmilitarização do território.
A autorização vale até o fim de 2027. Países árabes e muçulmanos que sinalizaram interesse em enviar tropas consideravam essencial ter respaldo do Conselho de Segurança.
Caminho para um Estado palestino
Após intensas negociações, o governo norte-americano aceitou reforçar no texto o compromisso com a autodeterminação palestina, um ponto exigido por países árabes.
A versão final afirma que, após reformas na Autoridade Palestina e avanços na reconstrução de Gaza, “as condições poderão finalmente estar reunidas para um caminho crível rumo à criação de um Estado palestino”.
A inclusão desagradou o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que se disse contrário a qualquer iniciativa que avance nessa direção.
Conselho de Paz
O plano, de 20 pontos, prevê a criação de um Conselho de Paz, ainda a ser estabelecido, como autoridade de transição — órgão que poderia ser presidido pelo próprio republicano. A resolução concede à força de estabilização um amplo mandato, incluindo o uso de “todas as medidas necessárias” para cumprir suas funções, linguagem que permite operações militares.
As tropas internacionais deverão atuar em conjunto com uma força policial palestina treinada por elas e coordenar ações com Egito e Israel, países vizinhos.
Conforme a força for assumindo o controle do território, as forças israelenses deverão se retirar de Gaza, seguindo padrões e prazos vinculados ao progresso da desmilitarização.
A aprovação ocorreu dias após a Rússia apresentar uma proposta alternativa defendendo explicitamente um Estado palestino e descartando o Conselho de Transição proposto pelos EUA.
No último sábado, o ministro das Relações Exteriores turco, Hakan Fidan, havia informado que a lista de membros do comitê palestino responsável pela administração da Faixa de Gaza durante o período de transição já foi aprovada.
O chanceler afirmou que os membros do comitê não estão envolvidos na política, mas são nomes “bem conhecidos” e aceitos na região. “O comitê palestino assumirá a administração diária de Gaza. Precisaremos criar a força policial, e isso levará tempo. Esse período cria vulnerabilidade e será difícil garantir a entrega da ajuda nas quantidades necessárias durante esse tempo”, acrescentou.

