O vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, Dmitry Medvedev, afirmou nesta terça-feira (5/11) que as recentes declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, levaram Moscou a considerar a possibilidade de retomar testes nucleares. Segundo ele, a decisão norte-americana “força” a Rússia a reavaliar sua postura diante do aumento das tensões atômicas entre as duas potências.
Em publicação, Medvedev escreveu que “Donald Trump é o presidente dos Estados Unidos, e as consequências de suas palavras são inevitáveis: a Rússia será forçada a avaliar a conveniência de realizar testes nucleares completos por conta própria”.
A reação ocorre após o republicano anunciar que instruiu o Pentágono a retomar imediatamente os testes de armas nucleares, alegando que “outros países já o estão fazendo”.
Trump não especificou se esses testes incluiriam detonações de ogivas nucleares, entretanto a fala rompeu mais de 30 anos de moratória informal mantida desde a década de 90.
Rússia x EUA
- O impasse surge num momento em que as duas maiores potências nucleares do planeta — que juntas concentram cerca de 90% das ogivas existentes — voltam a testar limites diplomáticos.
- A Rússia revogou em 2023 a ratificação do Tratado de Proibição Completa de Testes Nucleares , enquanto os EUA, embora tenham assinado o tratado em 1996, nunca o ratificaram.
- Com o tratado New START, que limita o número de ogivas estratégicas e expira em 2026, cada vez mais ameaçado, o cenário aponta para uma nova corrida armamentista.
- Nas últimas semanas, Putin exaltou o sucesso do teste do drone nuclear Poseidon, capaz de gerar tsunamis radioativos, enquanto Trump prometeu “igualar as condições” com seus rivais.
Retórica da Guerra Fria
O pronunciamento reacendeu um clima de Guerra Fria, e fez com que Vladimir Putin reunisse o Conselho de Segurança da Rússia para discutir o tema.
Durante o encontro, o russo destacou que Moscou continua comprometida com o Tratado de Proibição Total de Testes Nucleares (CTBT), mas alertou que o país responderá caso os Estados Unidos ou outros signatários descumpram o acordo.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, reforçou em entrevista que o presidente não ordenou o início de preparativos concretos, mas somente uma análise técnica e política da situação. “Trata-se de avaliar a conveniência, não de iniciar os testes”, afirmou.
