Médicos de hospital no Centro de SP usam furadeiras domésticas em cirurgias ortopédicas

Brasil

Médicos do Hospital Nossa Senhora do Pari, no Centro de São Paulo, usam furadeiras domésticas em cirurgias ortopédicas. É o que mostram vídeos aos quais a TV Globo teve acesso e relatos de funcionários.

Nas imagens, é possível ver as furadeiras, que são proibidas pela Anvisa desde 2008, usadas pelos médicos com marcas de sangue e até com fios desencapados (veja acima).

“São de cinco a nove furadeiras que têm na casa, são as comuns que você compra para perfurar a parede. Algumas tem até raspada a marca e tem umas que são passadas isolante no cabo. Outras eles mesmos [médicos] reformaram”, afirmou um funcionário do hospital, que por segurança preferiu não se identificar. A associação Beneficente Nossa Senhora do Pari foi fundada em 2002 e é 100% credenciada pelo SUS para atendimentos ortopédicos. Ainda conforme o funcionário, a unidade usa as furadeiras em todos os procedimentos que exigem perfuração óssea.

“Só vejo essas amarelas de parede mesmo. E como que as parafusadeiras chegam até lá dá para saber. Tem uma pessoa responsável por comprar as coisas do hospital e ela compra essas [as cadeiras] porque diz que é mais barato e também para manutenção é mais barato”.

O uso de furadeiras domésticas em cirurgias é proibido pela Anvisa desde 2008. Na nota técnica, emitida pelo órgão, o uso representa um grave risco para a saúde e constitui infração sanitária por se tratar de produto sem registro na Anvisa.

Em 2020, após acidente de moto, Eduardo Santtos foi encaminhado para uma cirurgia no Hospital do Pari. Ele conta que perdeu a mobilidade do braço direito. Por isso, processou a unidade.

“Eu sentia tudo, eles me cortando, me batendo. Foi um horror. Eu não consigo trabalhar porque meu braço não acompanha o movimento do outro. Ele não abre”.

“Toda conduta profissional em desacordo com o que prescreve a ciência e medicina deve ser encarado como erro. Você não pode tolerar que pelo fato de ser no sistema público, esse profissional possa empregar meios que não são adequados naquele caso”, afirmou o advogado Helton Fernandes, especialista em direito de saúde.

G1

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