O presidente da França, Emmanuel Macron, afirmou, nesta sexta-feira (19/12), em Bruxelas, que a União Europeia (UE) deve estar preparada para retomar o diálogo com a Rússia, em meio a novas tratativas de paz sobre a guerra na Ucrânia. A declaração ocorre após uma cúpula considerada frustrada do bloco, que terminou sem consenso sobre o uso de ativos russos congelados para financiar Kiev.
“Eu acho que voltará a ser útil conversar com Vladimir Putin”, disse Macron ao comentar o atual momento das negociações.
Segundo ele, alguns países europeus mantêm contatos com Moscou, o que reforça a necessidade de estratégia coordenada. “Europeus e ucranianos têm interesse em encontrar um contexto para retomar adequadamente essa discussão”, afirmou.
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Emmanuel Macron e Vladimir Putin
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Emmanuel Macron e Vladimir Putin
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Emmanuel Macron e Vladimir Putin
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O presidente francês alertou que a ausência de um formato comum enfraquece a posição europeia. “Sem uma estrutura definida, ficamos discutindo entre nós, enquanto os negociadores vão sozinhos conversar com os russos. Isso não é o ideal”, completou.
Ativos russos congelados
As falas de Macron ocorrem após os líderes da UE não conseguirem avançar em um plano polêmico para utilizar cerca de € 210 bilhões em ativos russos congelados como garantia para um “empréstimo de reparações” à Ucrânia, que enfrenta um déficit fiscal estimado em US$ 160 bilhões nos próximos dois anos.
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A proposta encontrou forte resistência, sobretudo da Bélgica, país que concentra a maior parte desses recursos e alertou para riscos jurídicos e financeiros.
Diante do impasse, a UE optou por captar recursos diretamente nos mercados de capitais para conceder um empréstimo de longo prazo a Kiev. A solução, no entanto, expôs divisões internas, já que alguns Estados-membros negociaram exceções às regras do financiamento.
Macron e o presidente russo, Vladimir Putin, conversaram por telefone pela última vez em julho, quando discutiram o conflito na Ucrânia. Um mês antes, o líder francês já havia defendido que países da UE considerassem reabrir canais de diálogo com Moscou.
Zelensky na contramão de Trump
O cenário se complica ainda mais com divergências entre aliados ocidentais. Enquanto o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pressiona por um acordo mais rápido, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky tem resistido aos termos defendidos pela Casa Branca.
Kiev busca apoio de países da Europa Ocidental para apresentar uma contraproposta de paz, que inclui cláusulas consideradas inaceitáveis por Moscou.
Paralelamente, países europeus da Otan discutem iniciativas próprias para ampliar o apoio militar à Ucrânia, incluindo a possibilidade de envio de tropas, o que é rejeitado pela Rússia. Moscou acusa líderes europeus de sabotarem os esforços de paz ao impor condições que inviabilizam um acordo.
Nesta semana, Putin elevou o tom contra dirigentes europeus. “Os porquinhos europeus imediatamente se uniram aos esforços da administração anterior dos EUA buscando lucrar com o colapso do nosso país”, declarou.