O presidente eleito do Chile, José Antonio Kast, defendeu nesta terça-feira (16/12) a criação de um “corredor humanitário de devolução” para imigrantes em situação irregular. A declaração foi feita em Buenos Aires, após sua primeira reunião oficial com o presidente da Argentina, Javier Milei, na Casa Rosada.
Segundo Kast, o aumento da migração, sobretudo de venezuelanos, ocorreu porque o Chile oferecia maior estabilidade econômica e melhores condições de acesso a serviços básicos. Para ele, a entrada irregular passou a pressionar áreas como saúde, educação, moradia e segurança pública.
“Parte dessas pessoas entrou pela janela, e não pela porta”, afirmou Kast. “O que temos apresentado também a distintos presidentes em exercício é que precisamos de uma coordenação para abrir um corredor humanitário de devolução dessas pessoas aos seus respectivos países”, completou.
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José Antonio Kast
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José Antonio Kast
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Críticas ao governo venezuelano
Durante a coletiva, o líder do Partido Republicano voltou a fazer críticas ao governo venezuelano, classificando o país como uma “narcoditadura”.
Kast afirmou ainda que apoiaria uma eventual intervenção dos Estados Unidos na Venezuela para retirar Nicolás Maduro do poder. “Eu apoio qualquer situação que acabe com uma ditadura, uma narcoditadura. Nós claramente não podemos intervir nisso, porque somos um país pequeno, mas somos vítimas do terror que vem de ter uma ditadura”, declarou.
Eleito com mais de 58% dos votos, segundo o Serviço Eleitoral do Chile (Servel), Kast se tornará, em 11 de março, o presidente chileno mais à direita desde o fim da ditadura de Augusto Pinochet, em 1990.
Em campanha, prometeu endurecer o combate ao crime e expulsar cerca de 340 mil imigrantes sem documentos. Entre as propostas, defendeu a criação de um “escudo fronteiriço”, com muro na fronteira com a Bolívia, trincheiras e o envio de até 3 mil militares para conter entradas irregulares.
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O presidente Nicolás Maduro anunciou ainda nesta terça a ativação de um Plano Especial de apoio jurídico e diplomático, por meio da Grande Missão Retorno à Pátria, voltado a venezuelanos que desejem deixar o Chile após a vitória do líder chileno.
Ele acusou Kast de ameaçar migrantes venezuelanos e disse que eles foram “traídos e intimidados”, apesar de serem, segundo ele, trabalhadores que contribuem para a economia chilena, inclusive em áreas como a saúde.