A adoção em massa da chamada inteligência artificial agêntica — capaz de definir metas, planejar e executar tarefas com mínima intervenção humana — deve acontecer já em 2026, segundo o estudo global “O Impacto da Tecnologia em 2026 e Além”, divulgado nesta terça-feira (4/11) pelo Instituto dos Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos (IEEE), maior organização técnico-profissional do mundo.
A pesquisa ouviu 400 líderes de tecnologia em seis países, incluindo o Brasil, e aponta que a IA agêntica será usada por consumidores como assistente pessoal, gerente de privacidade de dados e monitor de saúde, tornando-se parte do cotidiano.
“A IA agêntica funciona como um assistente inteligente que trabalha de forma autônoma, mas ainda precisa de revisão humana”, explica o estudo.
Hoje, as tecnologias mais acessíveis e populares, como o ChatGPT, são o que se chama de IA generativa, um tipo de inteligência artificial que cria conteúdos, como texto ou imagens, com base em exemplos que aprendeu em grandes conjuntos de dados. Esses modelos funcionam usando “prompts” (comandos) para gerar as respostas.
Expansão acelerada e novos empregos
Segundo o levantamento, 91% dos especialistas acreditam que o uso dessa tecnologia para analisar grandes volumes de dados crescerá em 2026, impulsionando a contratação de analistas de dados para avaliar precisão, transparência e vulnerabilidades dos sistemas.
Entre as habilidades mais buscadas por empresas do setor estão práticas éticas em IA (44%), análise de dados (38%) e aprendizado de máquina (34%).
“O Brasil é um país extenso, onde os governos tendem a preservar diversos aspectos estratégicos, ao mesmo tempo em que compartilham serviços tecnológicos com potências como China e Estados Unidos. Existe a preocupação de garantir um avanço seguro rumo a uma democracia tecnológica justa, em que todos tenham igualdade e acesso à tecnologia”, destacou Gabriel Gomes de Oliveira, membro do IEEE e professor colaborador da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (FEEC-Unicamp).
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Robôs e mais tecnologias sob influência
Mais da metade dos entrevistados (52%) acredita que a IA impulsionará o avanço da robótica, da realidade estendida (XR) e de veículos autônomos. Já 46% dos profissionais preveem que robôs humanoides passarão de curiosidades a colegas comuns de trabalho nos próximos anos.
O estudo também destaca que 51% dos empregos globais devem ser ampliados por softwares baseados em IA até 2026.
Camilo Girardelli, membro do IEEE e arquiteto de software sênior, avaliou sobre a integração da IA no dia a dia do próximo ano,
“Em 2026, a IA agêntica deve se consolidar no nosso dia a dia, atuando na resolução de problemas de forma autônoma. Será um marco importante dentro da evolução da inteligência artificial, capaz de ditar a rotina das pessoas e das empresas”.
Segundo ele, “o Brasil está relativamente bem preparado nesse campo, especialmente porque o setor bancário tem investido fortemente em soluções baseadas em IA”.
Governança e desafios
Apesar do otimismo, a privacidade e a segurança de dados continuam sendo as principais preocupações para 48% dos especialistas. Outros desafios incluem o uso indevido da IA em ataques cibernéticos e a resistência social à tecnologia.
As empresas também divergem quanto à governança da tecnologia: 49% afirmam que a IA será integrada a toda a organização, com políticas alinhadas a regulamentações oficiais, enquanto 33% pretendem adotar regras internas específicas para definir seu uso.
Realizada entre 11 e 17 de setembro de 2025, a pesquisa envolveu líderes de tecnologia do Brasil, China, Índia, Japão, Reino Unido e Estados Unidos. Além da IA, o IEEE prevê forte influência da tecnologia sobre computação quântica, energia renovável e realidade virtual até 2026.