Estrangeiros devem sustentar novas altas da Bolsa - 06/11/2025 - Mercado

Estrangeiros devem sustentar novas altas da Bolsa – 06/11/2025 – Mercado

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A Bolsa bateu quatro recordes neste mês, alcançando 153.338 pontos, e gestores de recursos esperam um fluxo ainda maior de dinheiro para as ações de empresas brasileiras, principalmente de investidores estrangeiros.

A entrada de estrangeiros na Bolsa em 2025 já mais que compensou a saída registrada em 2024 e responde por boa parte da alta de 28% do Ibovespa neste ano, apesar de um fluxo negativo em outubro e nos primeiros dias de novembro.

Dados levantados pela consultoria Elos Ayta mostram que, somente no acumulado do ano até o mês passado, houve entrada líquida de R$ 25,9 bilhões na Bolsa brasileira, acima dos R$ 24,1 bilhões que saíram em todo o ano passado.

A avaliação é que a perspectiva de acomodação dos preços elevados no mercado acionário americano deve impulsionar uma busca ainda mais intensa por ativos de países emergentes, como o Brasil.

“Os mercados emergentes estão bem posicionados e o Brasil se destaca por estar muito barato e ter alto potencial de valorização,” disse Pramol Dhawan, diretor de mercados emergentes da gestora americana Pimco, que tem US$ 2,2 trilhões em ativos sob gestão.

À medida que os investidores começam a questionar se as ações americanas chegaram a um pico, em especial as de tecnologia, a tendência é que eles passem a direcionar uma parte dos recursos aplicados em papéis dos Estados Unidos para os de outros países.

“[Os investidores] estão projetando um crescimento muito forte para as empresas de tecnologia, como se desse para replicar o passado no futuro. Mas agora a base de comparação está elevada”, diz o gestor e especialista em investimentos Francisco Levy.

Enquanto o S&P500, índice de referência dos Estados Unidos, está sendo negociado a 22 vezes preço/lucro para 2026, o indicador para o Ibovespa está em 8,74 vezes.

Mesmo um pequeno ajuste de portfólio teria um impacto significativo no Brasil, dado o volume de recursos investidos nos Estados Unidos. “O S&P 500 vale US$ 50 trilhões. Se os investidores resolvem tirar 1% que têm em Bolsa americana e migrar para emergentes, as Bolsas desses países recebem US$ 500 bilhões”, exemplifica Levy.

O fluxo de dólares para os países em desenvolvimento já começou neste ano, com a moeda americana perdendo valor perante divisas emergentes diante da política econômica protecionista do presidente dos EUA, Donald Trump. Parte deste dinheiro acabou destinado a ações de países emergentes.

O ciclo de queda de juros nos EUA —na semana passada, o Federal Reserve (Banco Central dos EUA) fez o segundo corte na taxa americana— vem estimulando esse processo, com os estrangeiros aumentando o apetite a risco representado por emergentes para compensar a queda no retorno.

“Se o Fed tiver um ciclo mais longo de afrouxamento monetário, esse movimento servirá como um forte impulso para o Brasil. Além disso, o diferencial de juros favorece o fortalecimento do real, ajudando ainda mais a ancorar a inflação e a reduzir as expectativas de juros”, explica Scott Piper, gestor-chefe de ações da América Latina do Itaú USA.

Ele aponta que, nos últimos 15 anos, o mercado de ações da América Latina encolheu de tamanho. “Hoje, provavelmente, os fundos de ações latino-americanos têm o menor volume de ativos da sua história. Acreditamos, porém, que isso deve mudar daqui para frente”, diz.

Nesta semana, em meio à perspectiva de início do ciclo de corte de juros, o Ibovespa, que sobe 28% no ano até esta quinta-feira (6), ultrapassou os 150 mil pontos pela primeira vez na história. E a avaliação de analistas é que deve continuar avançando. O Itaú BBA, por exemplo, estima que o principal índice da Bolsa brasileira encerrará o ano em 155 mil pontos.

Na avaliação de Daniel Gewehr, estrategista-chefe de ações do Itaú BBA, o momento é bastante positivo para a Bolsa brasileira, com os estrangeiros explicando entre 70% e 80% do movimento positivo do ano. Isso deve se manter, diz.

“Acabei de voltar de um road show [evento de promoção] nos Estados Unidos, e muitos gestores se preparam para realocação de recursos fora dos EUA.”

Ele projeta que os resgates de recursos na indústria de fundos de investimentos se reduzam nos próximos meses, o que também deve ajudar a Bolsa —os fundos de ações perderam R$ 42,2 bilhões de janeiro a setembro deste ano, de acordo com dados da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais).

“Os últimos anos foram marcados pela concentração de investimentos no mercado americano, mas quando começa a ter queda de juros lá fora, junto com perspectiva de menor crescimento da economia americana, impacta o dólar e atrai investimentos para os emergentes”, diz Rodrigo Santoro, superintendente de renda variável da Bradesco Asset.

Há riscos à frente para a Bolsa brasileira, entretanto. O mais evidente é o das eleições presidenciais de 2026, que devem acrescentar bastante volatilidade a esse cenário.

“Os investidores internacionais estão mais atentos ao início de um longo ciclo de queda das taxas de juros nos Estados Unidos, enquanto os locais estão mais preocupados com as eleições”, diz Piper, do Itaú USA. “Ambos os fatores são catalisadores muito importantes para o mercado, porém ainda é cedo para prever o que acontecerá nas eleições. Há muito mais clareza em relação à tendência de queda dos juros”, diz.



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