Cidades de Bananal e Arapeí teriam sido alvos de plano do Comando Vermelho para expandir domínios pelo estado de São Paulo
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Uma investigação conduzida pela Polícia Civil de São Paulo revelou a presença estruturada da facção carioca Comando Vermelho (CV) em cidades paulistas próximas à divisa com o Rio de Janeiro, como Bananal e Arapeí, na região do Vale do Paraíba. O levantamento indica que o grupo montou uma base operacional — descrita nos autos como um verdadeiro “quartel-general” — para comandar o tráfico de drogas e expandir o domínio territorial para o interior paulista.
COMO COMEÇOU A INVESTIGAÇÃO
A descoberta ocorreu após a prisão de um jovem de 19 anos, em dezembro de 2023, na Rodovia dos Tropeiros, em Arapeí. Durante a abordagem, a polícia encontrou 59 pinos de cocaína, anotações de contabilidade do tráfico e a inscrição: “CV — qualquer violação reclamar na boca”.
Em depoimento, o suspeito admitiu ligação com a facção e revelou que atuava sob ordens de um homem identificado como “Paizão”, apontado como líder do Comando Vermelho em Resende (RJ). O grupo teria como missão consolidar o comércio de drogas na divisa entre os dois estados, aproveitando o terreno de difícil acesso e a ausência de presença constante das forças de segurança.
ESTRUTURA E EXPANSÃO
De acordo com o relatório obtido pelo portal Metrópoles, a facção atua com estrutura de comando, hierarquia definida e distribuição de lucros entre os integrantes locais. O modelo de operação é semelhante ao adotado em comunidades do Rio de Janeiro, com o uso de olheiros, rádios comunicadores e cobrança de taxas de “autorização” para quem comercializa drogas.
As investigações indicam ainda que o CV avançou sobre 23 cidades paulistas nos últimos três anos, especialmente nas regiões do litoral norte, Vale do Paraíba e interior leste. Essa movimentação coincide com um aumento de homicídios e confrontos entre facções, reflexo da disputa direta com o Primeiro Comando da Capital (PCC).
DISPUTA COM O PCC E A MUDANÇA DE CENÁRIO
Fontes da Polícia Civil apontam que o crescimento do CV em São Paulo está relacionado a uma mudança de estratégia do PCC, que teria reduzido sua presença no varejo do tráfico para se concentrar em operações de atacado e logística internacional. Essa reconfiguração teria aberto espaço para que o Comando Vermelho ocupasse territórios antes controlados pelos paulistas.
A cooperação entre criminosos do Rio e de São Paulo também é mencionada em interceptações telefônicas. Em algumas localidades, o CV teria recrutado traficantes locais e fornecido armas e drogas para fortalecer o domínio na região de fronteira.
OPERAÇÕES E PRISÕES
Em Bananal, a polícia realizou ao longo de 2024 uma grande operação com apoio de helicópteros, cães farejadores e equipes táticas, resultando na prisão de sete pessoas e na apreensão de um adolescente. Foram encontradas armas, munições e cadernos de contabilidade semelhantes aos usados pelo CV no Rio de Janeiro.
As forças de segurança também reforçaram o patrulhamento na região e criaram um grupo de inteligência intermunicipal para monitorar a movimentação de membros da facção.
PREOCUPAÇÃO COM A FRONTEIRA INTERESTADUAL
O avanço do Comando Vermelho sobre o território paulista representa um novo desafio para as autoridades. A fronteira entre Rio e São Paulo, marcada por rodovias secundárias e áreas rurais, facilita o trânsito de criminosos e o transporte de entorpecentes sem grande vigilância.
Delegados envolvidos nas investigações afirmam que o CV tenta reproduzir em São Paulo o mesmo modelo de “governo paralelo” que mantém em favelas do Rio — controlando o comércio de drogas, impondo regras e intimidando a população local.
CONTINUIDADE DAS INVESTIGAÇÕES
A apuração segue sob sigilo, e a Polícia Civil não revelou quantas pessoas já foram formalmente indiciadas. A expectativa é que novas operações sejam deflagradas até o fim do ano para conter o avanço da facção e desarticular os núcleos de apoio logístico.
Por Bonfim Hoje com informações do Metrópoles
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