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Chile volta às urnas com disputa entre “Bolsonaro chileno” e comunista

Mundo


O Chile realiza neste domingo (14/12) o segundo turno das eleições presidenciais, em um dos pleitos mais polarizados desde o fim da ditadura. O ultradireitista José Antonio Kast, apelidado de “Bolsonaro chileno”, chega à etapa final como favorito contra a candidata comunista Jeannette Jara, que tenta reverter a vantagem aberta após o primeiro turno.

As pesquisas projetam entre 55% e 60% dos votos para Kast, que transformou a pauta da segurança pública em motor de sua campanha. Jara, embora tenha liderado a votação inicial por margem estreita, enfrenta agora a consolidação de uma ampla frente de direita em torno do adversário.


Segundo turno deve definir a guinada política do país

A eventual vitória de Kast marcaria a maior guinada à direita desde a ditadura, com propostas como:

  • envio de militares a bairros considerados críticos;
  • construção de muros e trincheiras na fronteira;
  • criação de uma força especial para deportação de migrantes irregulares.

Já Jara defende aprofundar reformas sociais, fortalecer políticas públicas e enfrentar o crime organizado com foco em prevenção, inteligência policial e programas sociais.


Jeannette Jara (Partido Comunista) e José Antonio Kast (Partido Republicano) durante comícios no Chile
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Jeannette Jara (Partido Comunista) e José Antonio Kast (Partido Republicano) durante comícios no Chile

Anadolu/Getty Images

Jeannette Jara, favorita nas eleições chilenas
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Jeannette Jara, favorita nas eleições chilenas

Claudio Santana/Getty Images

José Antonio Kast é eleito presidente do Chile
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José Antonio Kast é eleito presidente do Chile

Lucas Aguayo Araos/Getty Images

 

Com Kast liderando, ditadura volta ao centro da disputa

A reta final da campanha foi marcada pelo debate sobre a relação de Kast com o regime de Augusto Pinochet (1973–1990). No último confronto televisivo, ele defendeu avaliar reduções de penas para militares condenados por violações de direitos humanos — especialmente idosos ou doentes.

A fala reacendeu memórias do período autoritário e provocou críticas de organismos de direitos humanos, além de virar um tema dominante na campanha.

Aos 59 anos, Kast já admitiu ter defendido a permanência de Pinochet no plebiscito de 1988. Agora, sua candidatura é vista como a mais à direita a disputar o poder desde a redemocratização.

Jara tenta buscar indecisos

Jara, de 51 anos, encerrou sua campanha em Santiago reforçando o apelo ao eleitorado moderado. Ela afirma que representa estabilidade, reformas sociais responsáveis e segurança pública sem militarização.

A comunista busca capturar parte dos cerca de 20% de eleitores indecisos — número considerado insuficiente, mas ainda decisivo para diminuir a diferença nas pesquisas.

O desafio é grande: enquanto ela teve um desempenho abaixo do esperado no primeiro turno, os partidos de direita somados alcançaram 52% dos votos.

A disputa após o primeiro turno

Kast e Jara terminaram tecnicamente empatados na primeira etapa, com cerca de 25% cada. O cenário mudou rapidamente. O ultraconservador recebeu o apoio de nomes influentes da direita, como Johannes Kaiser e Evelyn Matthei. Já Franco Parisi, terceiro colocado e dono de um eleitorado imprevisível, pediu que seus apoiadores votassem em branco — uma incógnita para ambos os lados.

Nas ruas e nos comícios finais, a polarização ficou evidente. Kast reforçou o discurso de combate à imigração irregular e prometeu expulsar estrangeiros sem documentação em 90 dias. Jara acusou o rival de explorar o medo e apelou para “segurança com humanidade”.

O primeiro turno mostrou que o Chile se encaminha para uma disputa entre dois projetos antagônicos, com polarização em alguns temas, como segurança pública, imigração e modelo econômico.

De um lado, a Jara representa o campo progressista, com o apoio do governo Boric. Do outro, Kast consolidou uma frente ampla da direita, após receber, na noite de domingo, o apoio público de Johannes Kaiser, expoente da ala mais radical, e de Evelyn Matthei, liderança da direita tradicional.

Próximo presidente enfrentará Congresso dividido

Seja qual for o resultado deste domingo, o novo mandatário assumirá em março de 2026 diante de um Congresso fragmentado — agora mais inclinado à direita.

Isso deve limitar reformas drásticas e forçar negociações com o centro político, reduzindo a capacidade de implementar agendas radicais.



Fonte Metrópoles

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