O BRB (Banco de Brasília) retirou de seu site o acesso a contratos públicos de diversas áreas assinados pela instituição após reportagem da Folha mostrar a contratação de escritório de advocacia para avaliar os possíveis impactos de uma eventual intervenção do Banco Central no Banco Master.
O documento também revelou avaliação do banco estatal de que a intervenção do BC no Master é iminente e que uma liquidação é possível.
Perguntado sobre os motivos para a retirada dos contratos e se há previsão de republicá-los, o BRB afirmou que não irá se manifestar.
O banco estatal assinou um contrato de assessoria jurídica de R$ 420 mil com o escritório Jantalia Advogados, de Fabiano Jantalia Barbosa, em 9 de outubro, com o objetivo de avaliar se o BRB poderia sofrer prejuízos caso aceite ativos oferecidos pelo Master como compensação por operações frustradas.
O temor do BRB é que uma intervenção do BC no Master afete esses ativos ofertados pela instituição de Vorcaro, prejudicando uma eventual compensação por perdas e, por consequência, os cofres públicos do Distrito Federal.
O contrato do BRB com o Jantalia Advogados não especifica quais são as operações financeiras sob análise nem as “pendências de adimplemento” do Master, mas diz que o banco privado propôs “substituição de carteiras” —o que sugere que os problemas podem ter se originado da compra de carteiras de crédito do Master pelo BRB.
A reportagem da Folha que revelou o contrato foi publicada em 24 de outubro. Desde o dia anterior, quando foi procurado pelo jornal, o banco tirou os contratos públicos do ar, não somente os relacionados ao Master.
Antes disso, o site do banco contava com duas seções que disponibilizavam os documentos, sob os nomes “contratos administrativos” e “contratos negociais”, por meio dos quais a reportagem teve acesso ao contrato do BRB com o escritório de advocacia.
A página do banco já não tem chamadas para essas seções e os links antes relacionados a elas hoje encaminham para a área de licitações.
Antes da tentativa de aquisição do Master pelo BRB, barrada pelo BC em setembro, o banco estatal vinha comprando carteiras de crédito da instituição privada. O presidente do BRB, Paulo Henrique Costa, disse ao jornal O Globo que as operações totalizaram R$ 8 bilhões em 2024.
Contratos de diversas áreas do BRB estavam no site e hoje já não são acessíveis, como patrocínios esportivos, eventos, comunicação, entre outros. Um deles, por exemplo, mostrava a contratação, de forma emergencial, de uma das maiores empresas de estratégia de comunicação e gerenciamento de crise do Brasil, a FSB, por R$ 1,4 milhão, em março. Na ocasião, o objetivo também era lidar com a crise do Master.
Sobre o acordo com o Jantalia, o BRB disse, em nota de assessoria de imprensa, que a contratação segue padrão de atuação com foco na boa prática, na prudência e na gestão responsável dos ativos da instituição e que o banco se associa regularmente a assessorias para analisar cenários e subsidiar decisões.
Vorcaro tem trabalhado para evitar a intervenção desde que o BC vetou a compra do Master pelo BRB. Ainda que os envolvidos não tenham anunciado que desistiram, o negócio esfriou no período.
O Master e seus gestores são alvo de investigação do Ministério Público Federal por indícios de crime contra o sistema financeiro. A Polícia Federal abriu um inquérito sobre o banco com base em documentação enviada pelo BC, e a instituição privada diz que não há respaldo fático ou evidencial no caso.