O ataque dos Estados Unidos contra o território da Venezuela, o primeiro desde o início da ofensiva militar norte-americana na América Latina e Caribe, foi conduzido pela Agência Central de Inteligência (CIA). A informação foi divulgada nesta terça-feira (30/12) pela CNN Internacional.
Conforme militares com conhecimento sobre a operação, drones foram utilizados para atacar um porto localizado na região costeira venezuelana. A CNN informou que a ação visava atingir barcos supostamente utilizados pela facção Tren de Aragua no tráfico de drogas. Nenhuma pessoa morreu durante o bombardeio.
A operação, segundo Donald Trump, aconteceu no último dia 24/12. Durante conversa com repórteres na Flórida na segunda-feira (29/12), o presidente dos EUA afirmou que o local bombardeado era “grande instalação de onde saem os barcos” da Venezuela com entorpecentes. Assim como em outras ocasiões, o líder norte-americano não divulgou provas das acusações.
O Pentágono ainda não se pronunciou oficialmente sobre a operação. Como Washington, o governo da Venezuela também não comentou o assunto.
Caso confirmado, o ataque pode se tornar o primeiro contra o território da Venezuela desde o início da mobilização militar dos EUA na América Latina e Caribe, em agosto deste ano, com a justificativa de combater o tráfico de drogas. Como resultado da ofensiva norte-americana na região, mais de 23 embarcações já foram atacadas em águas caribenhas e do Oceano Pacífico desde então — sem que evidências concretas da ligação entre os barcos e o transporte de entorpecentes fossem divulgadas por autoridades.
Leia também
-
Venezuela destrói 8 aviões na fronteira com Brasil e cita narcotráfico
-
Trump diz que EUA realizou primeiro ataque contra a Venezuela
-
Rússia acusa EUA de práticas de “pirataria” ao bloquear a Venezuela
-
Brasil afirma que bloqueio dos EUA à Venezuela viola Carta da ONU
A guerra de Washington contra o que a administração Trump passou a classificar como “narcoterrorismo” tem Nicolás Maduro como um dos principais alvos. O presidente da Venezuela é apontado como o chefe do cartel de Los Soles, grupo que recentemente entrou na lista dos EUA de organizações terroristas internacionais.
Ligando o tráfico ao terrorismo, o governo norte-americano abriu brechas para ações militares em outros países sob a bandeira do combate ao terror — como aconteceu recentemente em países do Oriente Médio contra grupos jihadistas. Por isso, a mobilização norte-americana na América Latina ganhou status de operação militar oficial em novembro.
Além de acusar Maduro de chefiar um cartel de drogas, Trump também passou a apontar o líder chavista como o autor de um suposto roubo de petróleo e “direitos de energia” dos EUA. Para o presidente norte-americano, seu homólogo venezuelano tem utilizado os lucros obtidos com o combustível para financiar “o terrorismo de drogas”.
Em meio à pressão contra o herdeiro político de Hugo Chávez, três navios petroleiros ligados à Venezuela já foram apreendidos por forças norte-americanas. Além disso, o presidente dos EUA impôs um bloqueio aéreo e naval contra o país liderado por Maduro.