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Acusação de crime de guerra complica ofensiva de Trump no Caribe

Mundo


Um suposto crime de guerra cometido pelos Estados Unidos no Caribe, no início de setembro, tem colocado em xeque a atuação militar norte-americana na região — cujo objetivo declarado de Donald Trump é atingir cartéis que traficam drogas para o país que comanda.


Campanha militar dos EUA

  • Os EUA iniciaram uma mobilização militar na América Latina e Caribe em agosto deste ano, sob a justificativa de combater o tráfico internacional de drogas que passa por águas locais rumo ao país.
  • Desde então, uma frota de navios de guerra transportando militares, um submarino nuclear, caças F-35 e até mesmo o maior porta-aviões do mundo, o USS Gerald R. Ford, foram destacados para a região.
  • A movimentação coincide que mudanças na política externa norte-americana, que passou a classificar alguns cartéis de drogas como organizações terroristas internacionais. A medida dá, em teoria, o aval para operações dos EUA em outros países mirando tais grupos, com a bandeira do combate ao terrorismo.
  • Até o momento, o governo dos EUA confirmou que 23 barcos, supostamente ligados ao tráfico de entorpecentes, foram bombardeados em águas caribenhas e do Oceano Pacífico, matando mais de 80 pessoas. Provas concretas das acusações, porém, nunca foram divulgadas por Washington.
  • A Organização das Nações Unidas (ONU) critica as operações, classificando-as como “execuções extrajudiciais”.
  • Um dos principais alvos da ofensiva norte-americana na região é o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro. O líder chavista é apontado pela administração Trump como o chefe do cartel de Los Soles — grupo que também entrou na lista de organizações terroristas internacionais.
  • Nos últimos dias, Trump sinalizou os ataques por água podem evoluir, e se tornar operações por terra não só contra a Venezuela, como também contra qualquer país que “produza e venda” drogas para os EUA.

O caso foi revelado em uma reportagem do jornal norte-americano Washington Post, publicada no último dia 28 de novembro. De acordo com a publicação, o chefe do Pentágono, Pete Hegseth, teria ordenado um segundo ataque contra o primeiro barco alvo EUA no Caribe, com a finalidade de que os todos os náufragos morressem. A embarcação transportava 11 pessoas.

Veja o primeiro ataque:

Inicialmente, o secretário de Guerra dos EUA negou as acusações e classificou a notícia como falsa. Dias depois, porém, a própria Casa Branca confirmou que um segundo bombardeio na mesma ocasião foi ordenado, mas tentou desvinculá-lo de Hegseth.

Durante coletiva de imprensa, a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, afirmou que o ataque foi uma ordem direta do almirante Frank Bradley, com a autorização do chefe do Pentágono. Ela, contudo, não deixou claro se havia sobreviventes no barco antes que o mesmo fosse alvo do segundo bombardeio.

Donald Trump
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Donald Trump

Pete Marovich/Getty Images

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3 de 4Arte Metrópoles/Gabriel Lucas
Maduro durante pronunciamento
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Maduro durante pronunciamento

Jesus Vargas/Getty Images

Crime de guerra

A revelação do caso levantou um debate não só na comunidade internacional, mas também dentro dos Estados Unidos. Isso porque a lei internacional proíbe ataques contra feridos em contextos de conflitos.

Tais ações são proibidas, inclusive, pelo próprio governo norte-americano. Segundo o Manual de Direito da Guerra do Pentágono, ordens para ataques contra combatentes feridos, inconscientes ou náufragos devem ser recusadas, ainda que venham de instâncias superiores.

Logo após a repercussão da reportagem, o Congresso dos EUA abriu uma investigação sobre a operação contra a embarcação no Caribe e do suposto crime de guerra cometido por forças norte-americanas. A medida foi apoiada não só por parlamentares do Partido Democrata, como também por congressistas republicanos ligados a Trump.

Como parte das investigações, o almirante Frank Bradley foi ouvido com legisladores da Câmara e do Senado na quinta-feira (4/12). Segundo a mídia norte-americana, deputados e senadores se dividiram após assistirem a um vídeo do segundo ataque ao barco.

Alas democratas criticaram a ação, e classificaram as imagens como “uma das coisas mais preocupantes” que já viram. Enquanto isso, políticos ligados ao Partido Republicano adotaram a retórica da administração Trump, e chamaram a ação de “totalmente legal e necessária”.



Fonte Metrópoles

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