O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participa neste domingo (9/11) da 4ª Cúpula Celac-União Europeia, em Santa Marta, na Colômbia. O encontro terá representantes de 33 países da América Latina e Caribe e 27 da União Europeia.
O encontro deve discutir, entre outros temas, a escalada nas tensões entre os Estados Unidos e Venezuela. Nos últimos meses, a Casa Branca tem intensificado a presença militar no mar do Caribe, sob justificativa de combater o narcotráfico na região.
O governo brasileiro defende uma saída pacífica para o conflito. Em reunião com Donald Trump, no final de outubro, Lula se colocou à disposição para mediar a disputa. Ele tem ressaltado que a América Latina é “zona de paz”.
“Só tem sentido a reunião da Celac nesse momento se a gente for discutir essa questão dos navios de guerra americanos aqui nos mares da América Latina. Eu tive a oportunidade de conversar com o presidente Trump sobre esse assunto, dizendo para ele que a América Latina é uma zona de paz. Aqui não proliferou armas nucleares. No caso do Brasil, é constitucional. […] Não precisamos de guerra aqui”, declarou em entrevista a jornalistas nesta semana.
Histórico
- No passado, o Brasil já desempenhou papel de liderança na interlocução de conflitos envolvendo a Venezuela.
- O país compôs o Grupo de Amigos, criado em 2003 para acompanhar o referendo revogatório do mandato de Hugo Chávez.
- Mais recentemente, se propôs a ajudar a distensionar a relação com a Guiana, palco de disputa pela região de Essequibo.
- A situação no mar do Caribe deve ser abordado na reunião da Celac, programa para este domingo (9/11).
Diante do aumento nas tensões, Lula cancelou um compromisso que teria em Fernando de Noronha (PE) para participar da cúpula. Ele embarcou nesse sábado (8/11) para Santa Marta.
Segundo o Ministério das Relações Exteriores, não há sinalização de encontro entre o petista e representantes do governo venezuelano. No entanto, as movimentações militares dos EUA serão tema de discussão na reunião da Celac.
“Nós dialogamos com todos os países da região, independentemente de orientação política. O Brasil tem diálogo profundo com todos, mas a gente também não pode fazer se não for solicitado. Então, estamos à disposição, já dissemos isso de várias maneiras. Se solicitados, estamos à disposição para buscar ajudar, porque nós queremos ver todos os países da região prósperos, democráticos, organizados e pacíficos”, ressaltou a secretária de América Latina e Caribe do Ministério das Relações Exteriores, Gisela Padovan.
Reunião Celac-UE
O foco da cúpula é a cooperação regional em áreas como comércio, meio ambiente e combate ao crime.
A expectativa é que sejam assinados dois atos conjuntos: a declaração de Santa Marta, que vai abordar temas de comércio e investimentos, meio ambiente, transição energética, segurança alimentar, combate ao crime organizado transnacional, educação e pesquisa, relações culturais, entre outros. O outro documento se refere a um “mapa do caminho”, que detalhará ações para implementar medidas de cooperação.
Também estão sendo discutidas duas declarações de livre adesão, ou seja, que não necessariamente serão adotadas por todos os países presentes. Estas dizem respeito aos temas da segurança cidadã e à política de cuidados.
Tensão EUA X Venezuela
O governo norte-americano ampliou as ações militares na América Latina nos últimos meses, com bombardeios a embarcações próximas à costa da Venezuela e no Oceano Pacífico, sob o pretexto de combater o narcotráfico. Washington alega que mais de 50 pessoas mortas nas operações são “narcoterroristas” que transportavam drogas.
O ditador venezuelano Nicolás Maduro passou a sinalizar uma possibilidade real de um conflito e ordenou uma série de medidas de transição para uma “luta armada”, caso o país seja invadido pelos EUA.
A tensão também se intensificou após o presidente Donald Trump autorizar a Agência Central de Inteligência (CIA) dos EUA a realizar “ações letais” na Venezuela com o propósito de derrubar o regime de Maduro. O líder venezuelano condena as ações e chama de “interferência na soberania”. Segundo Maduro, o líder norte-americano quer “roubar” petróleo e as reservas naturais do país.