O empresário Renato Bolsonaro (PL) disse nesta sexta-feira (7) que a Justiça quer que seu irmão, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), “morra na cadeia”.
Durante inauguração da sede regional do PL em Atibaia, no interior paulista, Renato disse que decisão da Primeira Turma de rejeitar recurso da defesa no caso da trama golpista nesta tarde era esperada.
“Da Primeira Turma você não podia esperar outra coisa”, disse ao ser indagado sobre a decisão no momento em que havia maioria para a rejeição do recurso —pouco depois a ministra Cármen Lúcia também decidiu no mesmo sentido dos demais colegas do colegiado. “Como tudo desde o começo. Está tudo marcado. Eles querem prender meu irmão. Querem torturá-lo. Eles querem humilhá-lo. E sem dúvida eles querem que morra na cadeia, querem isso mesmo, que morra na cadeia”, declarou.
Ao ser questionado se ele estava se referindo aos ministros, o irmão de Bolsonaro respondeu “a Justiça”.
Renato também reclamou que o ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no STF, não aceitou discutir questões de saúde de Bolsonaro neste momento. Desde 2018, o ex-presidente fez seis cirurgias no abdômen por causa da facada levada durante a campanha daquele ano, uma sétima para curar refluxo e desvio de septo, além de outros quatro procedimentos para tratar de obstrução intestinal e erisipela.
“Está pouco se lixando com a vida [de Bolsonaro]. Isso aí, não tenha dúvida: num futuro próximo vão ter que pagar por isso”, afirmou, sem detalhar de que forma.
Renato também disse que “da Justiça pode estar esperando o pior possível” ao ser questionado se acreditava que o irmão será mandado para o Complexo Penitenciário da Papuda para cumprir sua pena em regime fechado. Ele foi condenado a mais de 37 anos de prisão pela tentativa de golpe de Estado.
Na última semana, Moraes enviou sua chefe de gabinete à Papuda para verificar as instalações. Advogados do ex-presidente avaliam que, por ter um quadro de saúde frágil, ele teria de retornar à prisão domiciliar, que cumpre desde agosto, caso siga para o regime fechado.
Bolsonaristas criticam Moraes e o STF pela condução dos casos envolvendo Bolsonaro e seus seguidores, e têm feito do impeachment de ministros da corte uma bandeira para eleição de 2026, sobretudo no Senado.
Renato participou do evento em Atibaia para prestigiar o advogado Frederick Wassef, que atendeu o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) no caso da “rachadinha” e preside a direção regional do PL na área. Wassef acumula influência na região e o evento é visto por quadros políticos locais como uma aposta do partido para lança-lo a deputado federal em 2026.
O próprio Renato também é ventilado como um nome a ser lançado nas eleições do ano que vem. No ato de 7 de Setembro da avenida Paulista, o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, anunciou a candidatura com o aval do ex-presidente e também com o número usado pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) nas últimas eleições.
“O Renato vai ser nosso candidato a deputado federal por São Paulo. O presidente Bolsonaro foi quem decidiu. E ele usará o número 2222”, disse Valdemar, à ocasião, no carro de som.