'Fragmentos', de Ludmilla, traz canções sem a menor graça - 07/11/2025 - Ilustrada

‘Fragmentos’, de Ludmilla, traz canções sem a menor graça – 07/11/2025 – Ilustrada

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Acaba de sair “Fragmentos”, sexto disco da cantora e compositora Ludmilla. Segundo o release distribuído à imprensa, “Ludmilla se dedicou a um processo de composição e produção intenso, que durou mais de um ano e meio e incluiu períodos de criação no Brasil e nos Estados Unidos (…), onde a artista trabalhou com produtores renomados do universo R&B, incluindo London on the Track, Los Hendrix, Max Gousse e Poo Bear, nomes que já colaboraram com SZA, Justin Bieber, Drake, H.E.R, Summer Walker e Chris Brown“.

O lançamento do álbum foi precedido de uma intensa campanha promocional na mídia. O batalhão de assessores da cantora levou a cabo práticas agressivas e normalmente restritas a grandes nomes do pop, ameaçando de processo, “pela artista e seus representantes”, quem divulgasse qualquer informação sobre o disco antes do lançamento.

“O álbum reflete a ideia de unir fragmentos de experiências que moldaram Ludmilla, tanto como mulher quanto como artista”, diz o release. “A capa traduz essa narrativa: cercada por troféus que representam conquistas e superações, ela segura uma máquina de solda da qual faíscas saem do peito, simbolizando o processo de ‘soldar’ suas vivências e emoções em uma construção única”.

Com tanta pompa, era de se esperar que “Fragmentos” fosse um novo “Music of My Mind”, “Thriller” ou “Lemonade“, não o disco pouco inspirado que é, uma coleção de baladas R&B genéricas, sem graça e sem criatividade. A faixa de abertura, “Whisky com Água de Choro”, é uma balada romântica de FM com um refrão “sofrência” típico do pior que a moderna música sertaneja tem a oferecer: “Olha eu de copo em copo / querendo o seu corpo a corpo / bebendo de bar em bar / whisky com água de choro”.

As letras são, na maioria, uma lástima. É perfeitamente possível falar “a voz das ruas” de maneira inteligente e criativa, mas Ludmilla parece confundir malícia com apelação. Em “Cheiro de Despedida”, dueto com o rapper Veigh, ela canta: “Dorme de costas pra mim / Nosso anel só de enfeite / Tá andando pra cima e pra baixo com a filha da puta que chama de amiga”. A faixa abre com um trecho de um depoimento da diva Elza Soares, da música “Eu Peco Porque Amo Demais”, e tem Veigh e Ludmilla como um casal recém-separado.

“Falta Eu” é uma canção romântica acústica em que Ludmilla, acompanhada apenas por um violão, fala diretamente a uma amante que a trocou pela segurança familiar: “Você escolheu sua família / mas só eu sei te amar / Quando você vai assumir que ele não te preenche? / Tá sobrando tudo aí, mas falta eu”. Caso raro, no disco, de uma canção com uma letra que surpreende.

Fica evidente a tentativa de internacionalizar Ludmilla, e “Fragmentos” tem não apenas letras com trechos em inglês, mas participações de artistas estrangeiras, como a cantora norte-americana Muni Long, que canta em “Tudo Igual”, cuja letra começa assim: “O foda é que nós sente (sic) / tanto a falta assim da gente / que não percebe esse vai e volta / e sempre que volta tá tudo igual”. “Cam Girl”, com participação de outra cantora norte-americana, Victoria Monét, pelo menos tem uma letra engraçada sobre o fetiche do sexo virtual: “Se eu abro um Only / cê gasta tudo e me consome / entrei pro game”.

“Paraíso” é uma canção lenta e romântica em que Ludmilla celebra a união com a dançarina Brunna Gonçalves e a chegada da filha Zuri. “Coisa de Pele” tem groove, mas a letra é tão imensa e sem um refrão forte que a música não fica na memória. Esse é um problema de “Fragmentos”: é tudo tão igual, tão homogêneo, que pouco se destaca.

A competição é dura, mas a faixa mais lamentável do álbum é “Calling Me”, um dueto com Luisa Sonza e uma letra em inglês que parece ter sido escrita pelo técnico de futebol Joel Santana, tamanha a “embromation” dos versos: “Keep up / can you keep up / You got stabing up / Got me tear up / All this got me feed up / All the same, on my letter”. Bem melhor é “Bota”, um funk erótico raiz com uma letra que pelo menos faz algum sentido: “Bota, bota, bota/ bota tudão com vontade na minha”.



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