Um narcosubmarino transportando 1,7 tonelada de cocaína foi interceptado pela Polícia Judiciária (PJ) e pela Marinha de Portugal no Atlântico Central, de acordo com comunicado divulgado na segunda-feira (3/11). A embarcação, de construção artesanal e tripulada por quatro sul-americanos, seguia em direção à Península Ibérica quando foi localizada por um navio português, após informações repassadas pelo Centro de Análise e Operações Marítimas (MAOC), com sede em Lisboa.
Segundo as autoridades, a operação — batizada El Dorado — contou com o apoio da Agência Nacional de Combate ao Crime do Reino Unido e da Administração de Combate às Drogas dos Estados Unidos (DEA).
O submersível foi localizado a cerca de 1.000 milhas náuticas (1.852 km) da costa de Lisboa e cercado por navios e helicópteros antes de ser abordado.
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Tripulantes apreendidos
Os quatro tripulantes — dois equatorianos, um venezuelano e um colombiano — foram detidos e levados aos Açores, onde passaram por audiência judicial e tiveram prisão preventiva decretada. Segundo a PJ, os homens possuíam experiência marítima e faziam parte de uma rede criminosa transnacional.
O coordenador da unidade de combate ao narcotráfico da PJ, Vítor Ananias, explicou que as diferentes nacionalidades envolvidas indicam a dimensão internacional da organização. “Essas estruturas não estão sediadas em um único país. Têm uma mobilidade muito grande e capacidade de recrutar especialistas de várias origens”, afirmou.
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embarcação com 1,7 toneladas de cocaína
Polícia Judiciária de Portugal
Planejamento sofisticado
A apreensão revela a sofisticação e o risco das operações. Dentro do submersível, havia mantimentos suficientes para cerca de 20 dias de viagem — tempo necessário para cruzar o Atlântico entre a Venezuela e o ponto de transbordo planejado no sul dos Açores.
No local, segundo a investigação, uma lancha rápida recolheria a droga e a levaria até a costa europeia.
Apesar do sucesso da interceptação, o narcosubmarino acabou afundando. Segundo o comandante da Marinha Ricardo Sá Granja, as más condições do mar e a fragilidade da embarcação — construída majoritariamente em fibra de vidro — impediram o reboque até o porto.
Os investigadores acreditam que as organizações criminosas sul-americanas aprimoram o uso de submersíveis como meio de transporte discreto e de difícil detecção.
A PJ ressaltou que a operação El Dorado reforça a cooperação internacional no combate ao narcotráfico marítimo. A rota entre a América do Sul e a Península Ibérica continua sendo uma das mais ativas do tráfico global de cocaína, com viagens que duram semanas e exigem resistência e experiência dos tripulantes.