Balanço do Brasil em Frankfurt e mais notícias literárias - 05/11/2025 - Ilustrada

Balanço do Brasil em Frankfurt e mais notícias literárias – 05/11/2025 – Ilustrada

Cultura Entretenimento Últimas Notícias


Esta é a edição da newsletter Tudo a Ler desta quarta-feira (5). Quer recebê-la no seu email? Inscreva-se abaixo:

Segundo Eliana Alves Cruz, escrever sobre racismo e desigualdade não é modismo. A escritora conta à repórter especial Anna Virginia Balloussier que costuma ouvir essa acusação das pessoas pela temática de seus livros, mas segue escrevendo sobre o tema porque “tem coisas para serem ditas”.

Desde 1987, quando a surinamesa Cynthia McLeod lançou “Quão Caro Foi o Açúcar?” (trad. Telma Viana Kotzebue, Pinard, R$ 99,90, 392 págs.) já havia muita coisa a dizer. Na obra que só chega ao Brasil agora, a autora recupera memórias da escravidão em seu país para mostrar como o conforto das famílias brancas foi erguido às custas do sofrimento das pessoas escravizadas —um histórico, como aponta a crítica Cristian Sales, compartilhado com o Brasil.

Em sua nova obra, “Meridiana” (Companhia das Letras, R$ 69,90, 184 págs.), Cruz trata das pessoas que ascenderam socialmente para a classe média e que, nesse novo lugar, tentam não cair nos padrões escravagistas que já lhe foram impostos. A personagem-título é a caçula de uma família que trocou a favela por um condomínio com playground.

Escrever essas histórias não é moda, mas fruto da urgência de colocar vidas reais em palavras, como lembra este Mês da Consciência Negra.


Acabou de Chegar

“Até que Deu Tudo Certo” (trad. Rogerio Galindo, Sextante, R$ 69,90, 304 págs.) é a autobiografia na qual o ator britânico Anthony Hopkins narra sua espécie de jornada de herói. Da infância solitária como aluno desacreditado por pais e professores até se tornar um vencedor de dois Oscar, “o astro relata um percurso comum a muitos artistas de sucesso”, como aponta a crítica Ana Paula Sousa.

“Salão de Escrita e Beleza” (trad. Sérgio Molina, Companhia das Letras, R$ 74,90, 112 págs.) marca a volta do escritor mexicano Juan Pablo Villalobos a sua comédia inteligente, despertada por situações banais. A novela curta consiste em “um pequeno laboratório de linguagem”, como descreve a crítica Sylvia Colombo. Entre atos rotineiros como uma ida ao cabeleireiro ou uma conversa com amigos, Villalobos cutuca e faz rir.

“A Descoberta dos Números – Uma Aventura Matemática” (Tinta-da-China Brasil, R$ 79,90, 176 págs.) trata de matemática de maneira clara e apropriada para jovens, marcas do autor Marcelo Viana, colunista da Folha. O matemático carioca busca contar a história dessa ciência “de forma acessível e interessante para todos, independentemente da sua relação com a disciplina”, como ele diz à jornalista Marcella Franco.


E mais

A Feira do Livro de Frankfurt, um dos principais palcos internacionais do mercado do livro, aconteceu no último mês na Alemanha e provocou opiniões controversas, ambas reverberadas na Folha. De um lado, a publicitária e livreira Agatha Kim encontrou, em sua primeira vez no evento, um estande do Brasil que não lhe agradou nada. Inconsistência de identidade visual, escassez de materiais de apoio e falta de programação são alguns dos aspectos que ela elenca para explicar seu choque.

Do outro lado, o consultor editorial Carlo Carrenho, com mais de 20 edições da Feira de Frankfurt no currículo, diz que o evento acontece para o negócio do livro e não como celebração literária. Ele concorda com Kim sobre a falta de um programa sólido de apoio à tradução no Brasil, mas afirma que tanto o estande quanto a participação do país no evento são exitosos.

Acostumado a subir nos palcos como guitarrista dos Titãs, Tony Bellotto ainda está encantado por sua passagem pelo palco do Jabuti, onde subiu para receber o prêmio de melhor romance literário do ano. “Eu nunca tive um reconhecimento crítico muito grande, ou até tive, mas nunca imaginei concorrer a prêmios como esse”, ele diz ao editor Walter Porto. Na entrevista, o músico também falou sobre a vida após o diagnóstico de câncer no pâncreas, que vem encarando “de maneira pragmática e realista”.


Afastado da publicidade há dez anos, o premiado diretor de criação Marcello Serpa é tema de dois livros que chegam às livrarias nesta semana. “Vendo” é uma biografia do sócio da AlmapBBDO escrita por Julius Wiedemann, e “Vendo: Imagens” é um livro de arte organizado por Serpa que reúne registros de algumas de suas campanhas mais famosas. Ele diz ao repórter Thales de Menezes que uma obra complementa a outra. “Se fizesse tudo junto não ia ser nem um livro sobre o meu trabalho nem um sobre a minha história.”


Além dos Livros

A Biblioteca Mário de Andrade, que fica em um edifício imponente entre a rua da Consolação e a avenida São Luís em São Paulo, completou seu centenário neste ano —apesar de só ocupar o endereço desde 1942. O que começou como uma coleção de obras da Câmara Municipal se tornou a segunda maior biblioteca pública do país, com quase 1,5 milhão de itens. Os números crescentes de visitação e empréstimos de livros, como conta a reportagem de Carolina Azevedo, são resultado de uma meta definida pela instituição para se tornar um centro cultural e de convívio.

Após a publicação de um romance centrado na morte do pai, a paulistana Natalia Timerman prepara o lançamento de uma obra sobre o Alzheimer em estágio avançado de sua mãe. O novo livro se chamará “Antes que Apague”, como ela conta ao Painel das Letras, e “é a coisa mais difícil” que já escreveu na vida.

Também no Painel das Letras, um grupo de 37 livreiros organiza o lançamento de um mapa inédito das livrarias de rua de São Paulo. O projeto tem como objetivo incentivar o turismo literário e ampliar a visibilidade de espaços importantes para congregação de leitores e preservação de bibliodiversidade.

A Fundação Biblioteca Nacional divulgou nesta semana os vencedores de seu prêmio literário anual. A escritora Beatriz Bracher venceu na categoria de romance com seu ‘”Guerra — I: Ofensiva Paraguaia e Reação Aliada Novembro de 1864 a Março de 1866″, Leonardo Gandolfi ganhou em poesia com “Pote de Mel e Outros Poemas” e Ligia Gonçalves Diniz venceu a categoria de ensaio literário por “O Homem Não Existe”.



Fonte Original (clique aqui)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *